Nossa mente é um gerador constante de pensamentos, ideias e interpretações sobre o mundo (DOUGHERTY; JENNINGS, 2011). É crucial compreender que pensamentos não são verdades absolutas. A neurobiologia explica por que: nosso cérebro cria "pré-programas" emocionais. Quando vivemos algo intenso, estruturas como a amígdala (o alarme de segurança) e o hipocampo (o arquivista) registram a emoção e o evento (LEDOUX, 1998; ESPERIDIÃO-ANTONIO et al., 2008). Por exemplo, um susto de cachorro pode criar um "atalho" que, ao ver outro cão, dispara o medo antes mesmo da razão, gerando um pensamento ("esse cachorro é perigoso") que não é a realidade do momento, mas um eco do passado (DAMASIO, 1996; LEDOUX, 2015).
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), como ensinado por Aaron T. Beck e Judith S. Beck, e por Wright, Basco e Thase (2008), nos mostra que muitos pensamentos são distorções influenciadas por esses pré-programas, intensificando estados como a depressão (BECK; ALFORD, 2011). O sofrimento não vem do evento em si, mas de como o interpretamos, conforme também abordado por Nietzsche e Buda (SEEKER TO SEEKER, 2024).
A prática do Mindfulness (KABAT-ZINN, [s.d.]; SIEGEL, [s.d.]) complementa isso, ensinando a observar pensamentos sem julgamento. Ao reconhecer que nossos pensamentos são manifestações desses pré-programas e não fatos indiscutíveis, podemos questionar sua validade. Isso nos permite reduzir o impacto emocional, viver mais livremente e conectar-nos à realidade presente, apesar das "vozes" do passado (DAMASIO, 2000).